segunda-feira, 22 de julho de 2013

jogo sujo

Faz um tempinho
que deixei de lado
meu ópio, o vinho,
outras alucinações.

O que me bate na espinha
e trinca os meus dentes
são papoulas da lucidez.

Não direi, em contrapartida,
que viverei até o final do mês
nessa secura de tenros neurônios.

Mas me amedronto
em promovê-los
a guardiões
do templo.

A minha mente conhece
os pontos fracos do que julgo alma.

Ela, a mente, pode seduzir
ao baralho minha doce alma.

E no baralho, ó céus, ninguém
é mais engenhosa que a mente.

A alma deveria cuidar do corpo
apenas na hora da partilha.

Mas não, a minha alma
tem uma mania frívola,
um desejo infantil,
de derrotar
a mente.

Nesses acordos secretos,
escritos com sangue
sob a penumbra
do submundo,

a minha alma
já perdeu sapatos,
meias, uma camisa de brim.

Duvido que algum dia
essas duas façam as pazes.

Tanto uma quanto a outra
são víboras cegas diante
do meu olhar.

Agora, meu bem,
resta-me saber
quem sou.

Se um facínora,
um anjo, um bêbado,
um rei de um reino perdido.

Creio em uma coisa:
há muitas doenças
que se manifestam
na minha candura.


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