Faz um tempinho
que deixei de lado
meu ópio, o vinho,
outras alucinações.
O que me bate na espinha
e trinca os meus dentes
são papoulas da lucidez.
Não direi, em contrapartida,
que viverei até o final do mês
nessa secura de tenros neurônios.
Mas me amedronto
em promovê-los
a guardiões
do templo.
A minha mente conhece
os pontos fracos do que julgo alma.
Ela, a mente, pode seduzir
ao baralho minha doce alma.
E no baralho, ó céus, ninguém
é mais engenhosa que a mente.
A alma deveria cuidar do corpo
apenas na hora da partilha.
Mas não, a minha alma
tem uma mania frívola,
um desejo infantil,
de derrotar
a mente.
Nesses acordos secretos,
escritos com sangue
sob a penumbra
do submundo,
a minha alma
já perdeu sapatos,
meias, uma camisa de brim.
Duvido que algum dia
essas duas façam as pazes.
Tanto uma quanto a outra
são víboras cegas diante
do meu olhar.
Agora, meu bem,
resta-me saber
quem sou.
Se um facínora,
um anjo, um bêbado,
um rei de um reino perdido.
Creio em uma coisa:
há muitas doenças
que se manifestam
na minha candura.
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