quinta-feira, 6 de junho de 2013

língua

Adoro carne
sobretudo língua
de menina jovial.

Essas línguas com seus rios de sangue
e polpa de desejos deixam-me lânguido
a voar com o livro aberto sobre o bermudão.

Amo essas línguas que estalam dentro da minha boca
quando as beijo sôfrego, desenfreado, bárbaro
de olhos febris.

Há quem deseje apenas o abraço,
um aperto de mão, um tímido beijo na face.

Eu ao contrário dos bons e dos puros
ofereço minha alma  - e tantas vezes o fiz -
por uma língua vermelha, saudável, úmida
da mais refrescante menta pastilha de  hortelã.

Por isso, certamente, não tenho barriga
e ainda bate firme o meu coração
de velhinho solitário.



2 comentários:

  1. Língua de menina jovial/ nunca faz mal.
    Abr.,

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  2. Língua - essa estrutura frágil pois humana, perfeita pois divina, que conduz ao paraíso ou leva à perdição. Porque nem só de pão vive o homem.

    Um abraço!

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