sábado, 29 de junho de 2013

gêmeo

Em tempos de solidão
ter um hóspede em casa
é um presente - levo-lhe
o café da manhã à sua cama
e fico à cabeceira observando
o seu sono. Parece comigo esse
hóspede: quase não se mexe nem ronca
e os travesseiros no chão é sinal de que à noite
houve batalhas infernais. Os cabelos são brancos
e uma leve ereção indica que ainda não morreu o hóspede.

Deixarei um livro ao seu alcance.
É provável que ele encontre entre as páginas
um poema metafísico que escrevi em sua homenagem.

Meu deus, mas como parece comigo
esse hóspede de pernas compridas
e olhos tristes mesmo fechados.


Um comentário:

  1. O poeta vai se fragmentando em tantos, mas os encontros são os melhores encontros.

    Beijos,

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