domingo, 7 de abril de 2013

um prolongado suspiro

O meu coração não vai parar.
Tenho absoluta certeza disso.

Que os olhos se fechem.
Que a boca se cale.
Que as pernas
caiam.

O meu coração não vai parar.

As coisas dele, os segredos dele,
são tão fortes e suaves que tenho
absoluta certeza que o meu coração
por morte alguma meu coração vai parar.

Você já viu uma flor morrer?
As flores apenas nos iludem
quando se ressecam e se fingem.

As flores não morrem, meu caro,
porque as flores são doces e loucas.

Quantos amantes já não choraram
com uma porção delas nas mãos
e quantas amadas já não as jogaram
ao lixo com ódio do mundo e dos homens?

Mas esses instantes de arroubos e de incrível verdade
também é só uma óbvia declaração de que as flores
e o meu coração não morrem.

E ao fecharem-se meus olhos
e ao calar-se minha boca
e ao caírem as pernas

creio piamente
que lá estará
meu coração.

Doce, firme e suave
como uma flor.


2 comentários:

  1. ai, essa linguagem que se faz verdade e que não sabe morrer... e nós que ora a aprendemos, que ora a esquecemos, neste turbilhão absurdo de fingimentos onde os deuses conhecem do céu apenas a palavra e o eco que a repete em cacofonia obscura.

    abraço, marinheiro-camarada-amigo!

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  2. Sabe que, quando criança, fiquei intrigada, muito, muito, porque um homem morreu de alegria, de emoção? O coração parou num desfile de Sete de Setembro, no interior. Descobri ali: de alegria se morre! Mas nunca acreditei também que meu coração pudesse parar um dia. Acho que ele continua a bater quando para.

    beijos,

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