quarta-feira, 17 de abril de 2013

a placidez de um raio

É muito bom saber, garoto,
que você enfim percebe
que nem todas aves
gostam de voar.

Muitas preferem passear
pela varanda com seu amor.

É maravilhoso saber, garoto,
que você enfim desvenda
os segredos de filósofos
escondidos no olhar
difuso e repentino.

Serradeiras lá fora
fazem o trabalho
de gente forte.

Precisa-se de mãos calosas e firmes
para segurar aquelas máquinas, garoto.

E os filósofos com suas almas graves
sequer dão um passo, logo sentem dor.

Estou tão contente, garoto,
por saber que você não dormiu.

Mas as palavras
têm suas regras.

A primeira delas, garoto,
é que não existe eternidade
nem no que se escreve tampouco
naquilo em que lemos embevecidos.

Vista sua luva de muay thai
e vá treinar, meu filho.

Lá fora as serradeiras
comungam do meu silêncio.


2 comentários:

  1. não me canso de passear nesse lugar de tudo vivo. lugar tão seu, mas que nos traga, como se fosse boca, por conta dessa tamanha sede poética imprimida em cada verso, em cada objeto vivo, em cada sentimento derramado. Obrigada por esse teu especialíssimo olhar.
    bj grande

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  2. Qu eblo diálogo esse, entre o poeta e o silêncio menino, desse jeito especial que é só teu e que ficou tão meu, porque te ler é preciso!

    Beijos,

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