O meu barco virou em alto mar.
Só não me afoguei porque
uma tartaruga grande e velha
jogou-me sobre seu casco
e levou-me à praia.
Depois de fazer respiração boca-a-boca
e tirar dos meus pulmões toda a água
salgada do mar,
pediu-me apenas que eu cuidasse
com muito zelo e atenção
dos seus ovinhos
que ela havia
posto
ali perto,
em um lugar secreto.
A grande e velha tartaruga com seu casco riscado do tempo
deu-me as costas e foi-se vagarosamente.
E eu fiquei sentado dias após noites
vigiando atento os seus ovinhos.
Em uma bela manhã
rompeu-se do abrigo
um monte de filhotes
cada um mais afoito
do que o outro.
Corriam em direção ao mar
atropelando-se, atolando-se,
aqueles que pareciam perdidos
eu dava um empurrãozinho
com a ponta do dedo.
Salvaram-se todos -
graças a Deus e à ponta do meu dedo.
Voltei para casa
mas algo dentro do bolso
mexia-se e ao meter a mão o que vi?
Uma tartaruguinha a cara da mãe que me dizia:
"pa... pai, pa... pai..."
Ora, eu não tenho cara de tartaruga.
Ou tenho?
Não, mas é um grande poeta.
ResponderExcluirAbr.,
Se tem uma cena que sempre me emociona é a das tartaruguinhas correndo para o mar. E sorri com o seu poema, coisa mais meiga. =)
ResponderExcluirBeijo.