Nunca pensei tão cedo
ser coxo nessa vida
e tu me perguntas:
cadê suas asas?
Quem tem asas
é passarinho.
E mesmo assim apesar de todo o frêmito de quem voa
batem à minha janela passarinhos
enfadonhos e tristes.
Agora entendo o sorriso
da serpente que rasteja.
Ao coxo nenhum milagre é oferecido.
Nem a epifania dos entes alados.
Nem a troca de muda do réptil.
Ao coxo apenas aquele andado sofrível,
patético, dissimulado, de quem será
amanhã um belo assassino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário