As mulheres mesmo que me matem
adoro-as sufocando-me debaixo
do travesseiro ou aplicando
cianureto em minha veia.
O meu grande sonho é morrer pelas mãos de uma mulher.
Seja segurando firme um travesseiro ou uma seringa.
Agora, se possível, deem-me antes um aceno,
um beijo, um afago, uma lágrima sobre
meu ombro e se despeçam.
Eu não me perdoaria a mim mesmo se porventura acordasse
noutro mundo sem a voz feminina dentro do meu coração
dizendo apenas que foi inevitável minha morte.
Que eu era muito triste e cínico
e tudo que escrevi o vento
sem esforço levou.
Digo-lhes, minhas mulheres,
que existe um segredo:
o vento não sabe das suas unhas
que guardo dentro do bolso
do meu bermudão.
As suas unhas vento algum leva.
E mesmo depois de morto darei um jeito
de plantar na minha cova novas orquídeas das unhas de vocês.
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