Quando conheci Pablo Neruda
eu era um peixe pequeno,
asmático e trêmulo.
O poeta chileno teve muito cuidado
em retirar da minha boca o anzol
e mais zelo ainda ao jogar-me
no cesto.
Não houve tempo para me debater.
Pablo Neruda acarinhou minhas escamas.
Olhou-me amorosamente e deu-me um beijo.
Na mesma boca ainda sangrando do anzol.
Subiu uma ladeirinha íngreme assobiando
uma canção de sua aldeia e do alto
respirou fundo admirando o mar.
Eu, peixe pequeno e asmático,
também suspirei emocionado.
Sabia que meu destino
era o fogo e o sal.
Meti logo o dedo na minha goela e entreguei-lhe uma carta
de um jovem que sonhava em ser poeta e aprender coisas.
Coisas do tipo:
pescar e amar
os peixes.
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