Vou parar de escrever poemas.
O negócio está ficando sério.
As mãos não se compreendem mais.
As pernas esqueceram de caminhar.
Só querem agora carona
nas asas de gaivotas.
E eu digo pra elas que as gaivotas
já têm muito peso sobre suas penas.
É bom eu parar de escrever poemas
e viver do que foi escrito - qual
o coveiro que vive de ossos
alheios.
É melhor eu ficar do lado de fora.
Sem pretensão de cortar com os dentes
uma folha de papel que voa e passa na minha frente.
As gaivotas me perguntam que história é essa
de muito peso sobre suas penas.
Eu consigo pegar uma com os dentes.
Parto-lhe o coração ao meio.
Penso que sou um espadachim.
Um samurai. E as minhas mãos
enlouquecidas aplaudem
meu último ato poético.
O poema nasce desse pretexto e cantá-lo é o encontro.
ResponderExcluirAbr.,