Com o tempo eu aprendo
a beijar bem demorado
as paredes da casa
sem causar inveja
à porta da rua.
Beijo-as tanto
que ando pálido.
E as cartas que vêm de fora
não entram por baixo da fresta.
A minha solidão tem nome e corpo:
chama-se paredes e são quentes
as da cozinha e são frias
as do banheiro.