domingo, 18 de novembro de 2012

o ato da peleja

Quem escreve versos sabe
que para cada poema
há uma voz própria,
insubstituível.

Quando leio um poema
logo no início encaixo
um timbre adequado -

como se tivesse na garganta
um papagaio sacerdote
e músico.

E por esse prévio conhecimento
[que também julgo desconhecido]

percebo qual o rosto do poema,
se fatídico ou se risível ou se oculto.

Quem escreve versos sabe
que há poemas tão secretos
onde o melhor é ser o poeta
reservado a ponto de morrer.

E calar o bico.


Um comentário:

  1. Domingos, maravilhoso o poema. E entendo tão bem o que ele diz. Esse traduzir o intraduzível faz de ti um poeta gigante, porque também tão original e surpreendente. Delicia-me te ler. É lei. Se não o faço, falta em mim um pedaço.
    Beijos,

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