sábado, 17 de novembro de 2012

corcel

Ganhamos o dia quando descobrimos
o próximo passo da nossa mente,
pra isso é importante
vivermos fora
dela.

A minha mente sempre foi um cavalo em disparada
e antes que pudesse ver sua crina, lá estava ele
na cocheira comendo milho.

Não entendia aquela velocidade toda
para simplesmente voltar pra cocheira.

De uns tempos pra cá a minha mente,
ou o meu cavalo, sei lá, não corre
em disparada nem volta pra casa
doce e delicado a comer milho.

Quando ele corre estou montado nele
alisando suas tranças e até, acreditem,
polindo seus cascos.

Se volta à cocheira,
no lugar do milho
dou-lhe cevada.

E deito sobre seu dorso
a contar-lhe histórias
do tempo em que
o reino era dos
cavalos.

Ele gosta dessas histórias
e seus grandes olhos
parecem lembrar
desse tempo.

Ganhamos o dia, sim, nós ganhamos.
Mas não pensem que é definitivo
esse sentimento de mansidão
e paz.

Basta minha mente sentir um perfume antigo
o cavalo se agita, urra, pisoteia, refuga, me dá um empurrão,
quebra a portinha da cocheira e volta a correr em disparada.

É preciso muito esforço
para trazê-lo de volta -

e é triste vê-lo voltando
acabado, melancólico,
pra comer milho
na cocheira.

2 comentários:

  1. Maravilhoso, Domingos. Quem mesmo? O poeta e o poema. E a crina do cavalo que agita sempre a minha imaginação.
    Beijos e bom sábado e bom domingos...rs

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  2. O cavalo corre solto, campos à fora...
    Volta triste para passo da mente, que já se aflora...

    Abraço Domingos...

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