terça-feira, 13 de novembro de 2012

água de pote

O copo d'água sobre a cômoda
que bebo de manhã certamente
baratas e outros insetos beberam -

mesmo assim bebo
com um sorriso nos olhos.

Não tenho dúvida que esse meu desapego
é uma súplica às baratas e aos outros insetos
que não me vejam como um cara diferente de
outra espécie - somos todos filhos da mesma
casca, do mesmo exoesqueleto e da mesma sujeira.

Baratas e outros insetos,
ouçamos o poeta e bebamos juntos
a água dormida do comprimido da noite passada.

3 comentários:

  1. Não custa cantar:

    http://letras.mus.br/titas/48960/

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  2. Para além da poesia, venho aprendendo isso cada vez mais. Valho mais do que um inseto, uma bactéria?
    Quela mesmo o cientista...não lembro o nome, que chegou a um determinado momento em que se perguntou se tinha o direito de matar uma bactéria para salvar uma vida humana, por que uma vida era mais importante do que a outra...
    Enfim...
    beijos,

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  3. Vou me repetir: gosto de tua escrita sobre o comum. Gosto do comum, da vida nossa de cada dia, mas sei que não é fácil falar disso com elegância e poesia... você assim o faz, e acrescenta um humor leve, escondido.

    Um abraço,

    Suzana Guimarães - Lily

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