sexta-feira, 16 de novembro de 2012

a torre é frágil

Ultimamente paro a uma distância segura da janela da varanda.
Olho a rua sem me encostar no parapeito -

meu pescoço de girafa,
enfim, tem serventia.

Medo?
Não, bem, volúpia.

Você sabe que poetas lúbricos
se estão desterrados, exilados,
sob tratamento psiquiátrico,
é um perigo aproximar-se
de janelas.

O sol que bate nos galhos das oiticicas é um convite
pra gente criar asas, ou melhor, pra gente
sacudir as que estão presas à cintura
e pular e cair na gandaia
dos passarinhos.

Seria ótimo se no dia seguinte
você me fizesse um chá verde
lesse alguma coisa tranquila
não tirasse seus dedos
dos meus cabelos
brancos.

Mas não, meu bem -
nessa hora você sorri
e faz as unhas indecisa
entre o azul e o vermelho.



2 comentários:

  1. Os parapeitos me assustam. Mas o abismo das cachoeiras sempre me chamam.

    Beijos, bruxo!

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  2. Bardo de mão cheia! Mais frágil que a torre só a unha...

    Beijo, bruxo*

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