sábado, 27 de outubro de 2012

quase despedida

Não duvide - os meus ouvidos ouvem bem
e a minha alma, essa coisa que não se beija,
alegra-se em dormir tarde ouvindo Neruda.

Agora, licença, tenho de me levantar
da cadeira giratória encostar a porta
pela última vez explicar ao vento sua
falta de polidez por tanta insistência.

Enquanto caminho perdoe os meus passos
lentos que enlouquecem os meus chinelos.

Antigamente carregava bolas de ferro
e uma cruz de mármore pesada, baby.

Os meus chinelos viviam debaixo da cama
onde conheciam o medo infantil e o sonho.

Se passar um tempo sem ir à sua casa
não demore sem vir à minha pois vivo
do perfume que você deixa pelo quarto.

4 comentários:


  1. Nenhuma arte é fácil, mesmo que tenhamos o dom. É preciso dedicação, suor e muita vontade, além de disponibilidade. Mas, certos poemas teus, muitos deles, parecem sair sem esforço.

    Eu gosto de tua simplicidade. Gosto porque você escreve o comum, que é o que mais me atrai.

    Um abraço,

    Suzana Guimarães - Lily

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  2. Poema de véspera do nascer. Esse mundo de gente e de coisas que sussurram ao teu ouvido. E eu sempre ouço embevecida.
    Beijos, antes do teu nascer novamente.

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  3. chamados são feitos para serem atendidos!!

    :)

    Beijo, poeta Domingos!

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