domingo, 21 de outubro de 2012

o incauto

Meu filho, são tantos poetas
neste mundão de tolos

que tenho medo, muito medo
das suas incríveis flechas
de fogo.

Pergunta-lhes quem dentre
tem um coração corajoso

cuja lucidez seduza-o ao fundo
do abismo e traga nos dentes
um lírio.

Poucos, meu filho, menos
que os dedos das mãos

pois muitos são apenas
guerreiros enlouquecidos

que só sabem erguer
seus arcos aos céus

e lançar suas flechas
suas incríveis flechas
de fogo.

Por isso, meu filho,
eu tenho medo, muito medo
e tranco-me no quarto protegido
sob um escudo de bronze e pele de iaque.

2 comentários:

  1. no ar rarefeito sobrevivem os poemas mais altos...

    beijoss

    ResponderExcluir

  2. De abismos e lírios nos irmanamos, poeta! Te leio sabendo que conheces a profundeza de uma superfície lisa. E especial e escorpianamente, AMEI esse poema.
    Beijos,

    ResponderExcluir