Procuro pela casa algum objeto
que me venha dar um abraço.
Sinto falta dos abraços dos objetos
quando tonto me seguro pelas paredes.
A minha xícara sobre a mesa
silencia-se de lábio cortado.
Ela imagina que a desprezo depois daquele dia
em que alguém a levou à boca
e a deixou cair.
A minha xícara apartou-se
do meu coração e hoje
é apenas uma fria
cerâmica.
A minha salvação
é que tenho os óculos
que me falam ao ouvido
para erguê-los contra a luz
e tentar ver algum novo arranhão.
Domingos eu adoro demais a tua poesia, me lembra demais Manoel de Barros e adoro esse contemplar, essa imaginação que flui flui e voa tanto
ResponderExcluirgrande beijo
Ária para contralto azul e tenor vacilante
ResponderExcluirProcuro meu braço
Aquele de outrora
Que erguia sutilezas
E tocava peles, livros
Musgos, frios metais
A lira incandescente
Procuro meu braço
Aquele da mão
Que na xícara de então
Mergulhava a madeleine
Que ajeitava os óculos
Procuro meu braço
Memória de auroras
Que sussurram árias
Neste ouvido cansado
abraço
Meu querido, como sempre,as suas poesias lindas! Desculpe a minha ausência em sua pagina...fico feliz em poder estar aqui no seu espaço e poder desfrutar de poesias tão boas de se ler.
ResponderExcluirBeijos no seu coração.
Ah, se os objetos cingissem-me em abraços!!!
ResponderExcluirPoeta que dá vida ao mundo, esse é você. Tudo fala, dança, sente, encanta.
Beijos,
" A minha xícara sobre a mesa
ResponderExcluirsilencia-se de lábio cortado.
Imagina que a desprezo depois daquele dia
em que alguém a levou à boca
e a deixou cair. "
(Um prato cheio para as formiguinhas)
Bruxo, bruxo... a imaginação serve o espanto. Você é mesmo um poeta gigantesco!
Beijo.
Crisântemo*
Muito bom! Costumo imaginar que os objetos que me rodeiam têm vida e sofro com a perda de vida de cada um: um caneca quebrada, óculos sem uso, televisão sem funcionar...
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ResponderExcluirOs objetos que nos faltam à falta de outros abraços.
Lindo!