quarta-feira, 12 de setembro de 2012

a generosidade do entardecer

Tentarei lhe escrever um poema bonitinho
sem nenhum traço de tristeza
e de vazio,

pra você que tem uma bonequinha de pano
e tantos esmaltes jogados debaixo da cama.

Veremos se consigo,
primeiro pinto suas unhas
e mordo todos os seus dedinhos.

Antes que você diga
que estou viajando
e que o meu mal
é a solidão,

beijo seus lábios e afogo meu nariz
no redemoinho da sua nuca
de pelos castanhos.

O perfume não me diga,
não me diga, eu conheço:

é o perfume da quimera do marinheiro
a conversar agora com os golfinhos.

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