quinta-feira, 9 de agosto de 2012

um homem deslumbrado

Já encontrei de tudo
dentro do meu quarto:

penas de aves exóticas,
tampas premiadas de refrigerantes,
bolinhas de gude da cor dos olhos das russas.

Faltam tuas sandálias de dedo
que um dia tu, esquecida, deixaste

debaixo da nossa cama
de madeira e ferro.

A cama foi desmontada
e lançada ao fogo
da separação.

Ainda meio trôpego
penso que nada aconteceu

e procuro debaixo da minha cama box solteiro
as tuas sandálias de dedo com aquele suor
de teu esmalte.

3 comentários:

  1. Ah, um quarto de um menino que não precisou morrer para dar lugar ao homem! rs

    Beijos,

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  2. A saudade, um sentimento tão nobre não? mesmo quando tudo se dividiu. Muito belo, parabéns! Abraços

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  3. Detalhes tão pequenos... são coisas muito grandes pra esquecer...
    Beijo, poeta.

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