sexta-feira, 10 de agosto de 2012

mordeduras nos lábios

Céus, como é doloroso
assistir à liberdade
de quem amamos.

Inventamos amor eterno,
ódio sobrenatural,
um ciúme doce.

Confabulamos com as tartarugas
para que elas morram no ninho
e não corram na praia.

Corrompemos os pássaros durante o voo
com a intenção de que eles percam o rumo
batam contra montanhas e caiam no abismo.

Metemos nossas mãos sujas dentro da terra
e prendemos minhocas entre os dedos
até que elas deem o último suspiro.

Somos bárbaros porque nossos sonhos
são cruéis com o nosso bem,

aprisionado e triste
aos nossos pés.

Seríamos livres e lindos
se o outro pudesse acordar
com vontade da nossa distância
e sem saudade do nosso perfume.

4 comentários:

  1. Meu caro e talentosíssimo poeta... nessa vc matou a pau!!!!
    A mais perfeita e sincera tradução do que nosso sentimento de posse é capaz de urdir em nossa alma.
    Beijo.

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  2. com tristeza digo que concordo...

    beijinho!

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  3. Que belo, poeta! É bem verdade...

    Beijo grande!

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  4. Domingos, é tão verdadeiro isso! Eu rearranjo o final dizendo que seríamos livres e lindos se não acreditássemos na distância e absorvêssemos um pouco do perfume do outro. Amar de verdade deve ser algo como aprender com o outro o voo para poder seguir. Mais um poema onde me encontro tanto.
    Beijos,

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