terça-feira, 31 de julho de 2012

óculos

Depois dos meus óculos
não sou o mesmo
diante

de um livro
de um formigueiro
de um céu de brigadeiro.

Meus óculos apesar
da floresta de arranhões

confessam às minhas retinas
o que é verdade e o que é ilusão.

Desde o início
eu soube que nosso transe
seria para sempre esse lavar constante
das lentes e esse limpar incessante com papel higiênico.

Questiono se não valorizo demais seu olhar
desprezando minha intuição e se não seria plausível
deixá-lo um tempo um longo tempo sobre a escrivaninha.

Meus óculos não podem manter essa intimidade perpétua
com meus olhos: receio durante a visita da morte
vislumbrar algo de bom.

Um comentário:

  1. Que bonito poema, Caval(h)eiro!

    Grande beijo, espero que esteja melhor.

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