sexta-feira, 16 de março de 2012

a tua gargalhada

se me perguntassem o que levaria a uma ilha deserta,
a tua gargalhada, claro

seria uma festa - eu, os golfinhos
e uma turma de peixinhos malandros

bebendo água de coco
e nos deliciando

com tua gargalhada boa
com tua gargalhada
doutro mundo

os reis quando esperam a visita de um príncipe
não são trombetas que tocam os arautos
mas tiram da túnica uma caixinha
e ao abri-la,

eis a tua gargalhada
a invadir salão,
masmorra,
cozinha

chega até aos ouvidos
dos cocheiros

que entram em transe
e acabam bebendo
todo o vinho

recém chegado
de Portugal

a tua gargalhada
tem esse poder
louco

se me perguntassem se não queria
levar para a ilha deserta
também teu corpo,

boca,
seios
e coxas

diria que não,
que a tua gargalhada
seria suficiente para meu encanto

a tua gargalhada
[não fiques com ciúme]

iria trazer à praia
tantas sereias,

tu nem imaginas quantas
do mar báltico

dormiriam
com o poeta

a tua gargalhada
não é a risada
de Irene

mas te juro,
se Caetano

de longe a ouvisse
pensaria compor
uma música

se eu deixasse
e eu não permito

tua gargalhada é só minha
e dos meus golfinhos
e dos peixinhos
malandros

e do rei e de todo o seu séquito
e dos cocheiros e das sereias

de Caetano não,
deixa-o com a risada de Irene
...

3 comentários:

  1. Maravilhoso!
    "se me perguntassem o que levaria a uma ilha deserta,
    a tua poesia, claro"

    Beijinho

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  2. que delícia de poema, Domingos!!

    há um riso, uma gargalhada que nos encanta o coração...aquela de quem amamos



    beijos, querido!

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  3. Ah, eu elvaria teus versos e ficaria feliz! :-)
    Beijos,

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