quarta-feira, 28 de março de 2012

o senhor do tempo

Não sei como
o coração pula
da caixa torácica

e caminha sozinho
pelas calçadas

chutando tampinhas
de refrigerante.

Chove muito ultimamente
e meu coração adora

essas calçadas frias
com pontas de cigarros
chicletes e sujeira de poodles.

Quem sou eu para trazê-lo de volta
ele é louco e só retorna quando
sente fome e sede

então se encaixa
entre as costelas

começa a bater seu tambor
tão confiante que dos céus
logo caem

andorinhas desprevenidas
ainda com bobes na cabeça.

6 comentários:

  1. Coração é bicho sem dono, que vive com fome e sede.
    bj grande

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  2. Dessas partes nossas que saem por aí desavisadas, quem ganha mesmo é a poesia, que de tudo se aproveita da nossa vulnerabilidade.

    Adorei, Domingos, creio que vi um coraçãozinho aqui vagando na calçada em frente.

    Beijo.

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  3. o coração acaba por escolher sempre o abismo da escuridão, de vez em quando

    beijinho

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  4. E "a gente se ilude, dizendo: já não há mais coração!"...

    Beijos, poeta!

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  5. Coração é bicho difícil de se entender, Domingos querido!
    Mas sua poesia, não: essa fala de forma lindamente clara...
    Abraço apertado , amigo

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