segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

um homem triste que tem um tesouro

Não falemos sobre os homens tristes
que guardam nos olhos flores
das quais até abelhas
fogem apavoradas.

Embora eu seja um deles
a selar um tesouro

na cova rasa
de um túmulo antigo.

Ninguém em plena e total consciência
haveria de se interessar por esse tipo
de rubis, esmeraldas, brilhantes.

Mas eu juro que tenho, baby
trancado em um baú debaixo
de um anjo de mármore

um tesouro com todas essas pedras preciosas
e mais alguns papiros que revelam a longa vida.

Mas quem haveria de pôr ao ombro a pá
e sob uma noite de furiosa lua cheia
escavar tal tesouro?

Por isso, baby
eu sou um homem triste

largado de deus
e esquecido do demo.

Sem um pingo de amor
a derramar dos meus versos.

Mas não falemos sobre esses homens tristes
que tomam seus porres e se drogam
até o amanhecer

e a vida, baby
permanece mais cínica
e cruel com esses tristonhos.

Esqueça, baby
esses homens tristes
que carregam no rosto
uma cor parda e escamosa.

Ainda não olhei da varanda
como está a lua, decerto
deve brilhar tão silenciosa
quanto meu coração.

2 comentários:

  1. a Lua está cada vez menos presente nos olhos
    e mais amante da imaginação...

    Beijinho carinhoso, poeta dos dias!

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  2. Muito bom, Barroso. Sangria melancólica da pura.

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