quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

a santidade dos objetos

Quando sair, digo pra minha alma,
deixe a porta do quarto aberta.

Pouco me importa o vento:
que bata a porta até rachar o teto.

Saberão os ladrões
que tem em casa
um alma viva.

Não a minha, claro,
que já anda distante.

Mas a da porta
que vem e vai

e bate
e torna
a bater.

Quando voltar, digo pra minha alma,
veja se ainda serve a chave
e se o teto não desabou.

Se dócil a fechadura
e se o teto seguro

festeje então meu corpo,
a sua única e fiel morada.

9 comentários:

  1. Domingos,

    Acho que capto tua porta,
    o teto
    (outros tantos objetos)
    também um pouco do vento
    abrupto
    que entra janela adentro
    (e come pensamento)

    Abraço!

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  2. Bom dia!
    Lindo seu poema.A porta é a entrada para nossos sentimentos e às vezes para os desafetos.
    Grande abraço
    se cuida

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  3. poema tão amoroso que até aquece

    beijo

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  4. Meu corpo é minha casa e meu desamparo ora trancado à sete chaves ora explícito.
    Gosto tanto da sua poesia, Domingos. Me vejo. Me respondo. Me pergunto.
    beijoss :)

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  5. Santos são os objetos, que possuem almas evidentes, pq as dos homens são infernalistas.

    bj e bom fds

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  6. sair e entrar sem nunca sair
    [de tudo e de todos]
    beijinho
    LauraAlberto

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  7. Tua poesia é uma descoberta sempre. Aponta-me caminhos meus que eu não via. Beijos, querido!

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  8. Muito bonito o poema e o que ele nos remete.

    Beijos.

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  9. Não precisa de chave a alma, nem a porta...a tua morada é a tua poesia e essa não tem quem a tranque.
    Saudades

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