segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

o último estalo é que acende o fósforo

Não, meu bom moço
ninguém observa tuas lágrimas
chora então e não peças clemência.

Não existe atrás da parede um deus oculto
nem sobre o telhado um samurai misericordioso.

Não acredites em olhar de quem vive morto.
Não escutes a voz da mãe que mente ao filho.

A única razão para que mexas em cadáveres
é vê-los sorrindo e não acomodados
em sonhos.

Acorda-os e escreve as cartas do teu coração
que nunca em hipótese alguma te serão entregues.

Abre teu baú de memórias
inferniza-te até que tuas pálpebras
se cansem dessa luta insignificante
entre lágrimas de cera
e cílios postiços.

Descer à masmorra das mentiras
é como correr em volta da praça
em dia chuvoso que parte ossos.

Deixa pelos canteiros tuas costelas.
Deixa que mais cedo ou tarde
hão de virar cinzas.

No invisível de ti há um jardim todo florido
plantado e replantado quando exausto
tu paras e consegues ver
uma rosa branca
que é azul.

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