quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

neuros

ah, esse sonho insano
querer atar a alma
do outro

ao nosso
capricho

já não nos basta esta
doida pela casa

tateando no escuro
xícara, mesa, toalha

ah, essa tolice mesquinha
de querer laçar o corpo
do outro

ao nosso
sapato

já não nos basta esta febre
dentro do olho

tateando no escuro
o último analgésico

ah, deixemos os outros
com seus ombros
com seu peso
e pluma

já não nos basta esta
cruz de santo
esta coroa
de louco

pela casa
tarde da noite

tateando no escuro os chinelos
e só encontrando os pés da estante
...

4 comentários:

  1. sim, deixemos os outros com seus pesos e suas plumas... e saibamos carregar os nossos

    belo, belo poema, Domingos!

    beijo pra ti, querido

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  2. pois não aprendemos que almas não se atam, que têm vontade própria e mal somos donos da nossa alma, quanto mais de outras. mas esta febre dentro do olho é inevitável. acho que todos neuros somos. ah, neurônios!

    este poema, como tantos outros seus, atinge o ponto com uma simplicidade que parece fácil dizer, mas poucos conseguem.

    abraço!

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  3. ah, essa louca poesia a atropelar nossos passos retos...

    que poema!

    beijinho com admiração, poeta dos dias!

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  4. deixa ir, deixa voar...ninguém gosta de amarras....

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