domingo, 15 de janeiro de 2012

quando as andorinhas somem

Se o amor acaba um dia
o meu amor não acaba em um dia.

Pois a cada dia pressinto um nervo inflamado
em seguida uma artéria de cor assustadora.

Isso é o amor eterno
na fragilidade do corpo.

O amor que se apega a outro amor
sob juras e consequências,
este acaba.

Porque a cumplicidade
não vive de lembranças.

O velhinho que perdeu sua amada
olha para a fotografia desbotada.

E a foto ao cair no chão decerto
as lembranças se confundem.

Cadê o olhar do outro amor
para amenizar a fraqueza
dos rins?

O meu amor envelhece.
As minhas coisas envelhecem.

E cego se eu vier a estar um dia
não me faltará a imagem
da amada.

Nem tombarei junto com a fotografia
no momento em que o vento
assoprá-la da minha mão.

Quem é responsável por minhas lembranças
são meus nervos inflamados e essas artérias.

5 comentários:

  1. se as andorinhas somem
    poeta rufla cílios
    e voa...

    beijinho de fã eterna, poeta dos dias!

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  2. Belíssimo, meu querido Domingos! Um hino ao amor eterno... Àaaaaquele amor que adquire rugas, cabelos brancos e ainda assim persiste...
    Abraço cheio de admiração pelo seu talento!

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  3. o teu amor escrito assim é eterno

    beijinho
    LauraAlberto

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  4. É preciso arder para inflamar, Domingos. Pra variar, excelente poema. Forte abraço.

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  5. parece que enquanto as andorinhas somem o amor reaparece entre os pronomes...

    beijo, gigante!

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