não há velhice, meu caro
mesmo que os dedos decrépitos
irritem-se e urrem e digam que sim
que sim senhor há velhice
na palma da mão e nas falanges
eu digo que não há velhice, meu jovem
mesmo que os joelhos rosnem
e sussurrem metálicos que há velhice
no andar desolado e no curvar-se absorto
confirmo que não há velhice, menino
mesmo que os cabelos brancos enlouqueçam
mesmo que os lábios ressecados blasfemem
asseguro-lhe, criança
que não há velhice no espírito
apartado do instante que dorme
e se quiser tomar a sua vida de volta
retorne aos seus vícios de ontem
sem murmúrios
mesmo assim
só haverá velhice
depois da chuva
quando seu barquinho
tiver sumido dentro do bueiro
ora, mas o que é um barquinho
para um velho esquecido
que tem o corpo a julgar
como inimigo?
Bom é deixar a velhice de lado e viver o lado bom da vida. Ânimo! Um abraço, Yayá.
ResponderExcluir... há, por vezes, um: a terra parir.nos antes do tempo... ;)
ResponderExcluirbeijo, Poeta.
que não há, deveras
ResponderExcluirabraço
"mesmo que os joelhos rosnem e sussurrem metálicos que há velhice
ResponderExcluirno andar desolado e no curvar-se absorto confirmo que não há velhice, menino..."
Não há, nessa alma de poeta, nessa agudeza de olhar, nessa reinvenção das palavras...não há e nunca haverá de haver o envelhecer.
Beijos,