Não sou eu que quero escrever.
São meus dedos sob um olhar cínico e doce.
Augusto dos Anjos
não teria essa simplória cumplicidade.
Senão da pena gasta
e da luz da vela.
Os dois dedos de alguns séculos atrás que beijam o pavio
não é a mesma coisa do que lançar contra a parede
esse teclado empoeirado.
Teclado sujo e gorduroso
do suor de alguns dedos sacanas.
Escrevo porque meus dedos mandam.
E eu que sou louco obedeço a todos eles.
Sem hesitar lá vou eu sujando pouco das unhas.
Que mesmo roídas mantêm uma haste de carne viva.
Não há engrandecimento nem a mim nem a quem lê.
São apenas teclas sujas e gordurosas
e alguns dedos metidos a besta.
O tesouro é o riso irônico do que foi escrito
e das novas manchas nos pulmões.
Considero esses dedos, benditos!
ResponderExcluirÓtimo poema!
Suzana/LILY
Dos Anjos tinha um baú de reminiscências lancinadas pelo fogo, quem respira como ele há de expelir dragões pelos lábios calcinados de anunciações,
ResponderExcluirabraço