segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

da varanda é formoso o balé

O que seríamos nós sem as palavras.
Essas meninas loucas.

Nunca as vi de jeans.
Só as vejo de vestidos.

Leves, soltos,
sem botões.

E quando minha vista está apurada
vejo, também nada usam por baixo.

Passo longas horas voyeur
admirando o segredo das palavras.

Quem disse que elas têm família
certamente nunca as viram
por baixo do vestido.

Os vestidos de florezinhas,
estampados, bordadinhos,

às vezes lisos sem um fio
de costura é apenas
sedução

para que meus olhos se detenham em seus raios
feito folhas brilhantes caindo da copa de uma árvore.

Antes que cheguem às calçadas
já tenho engolido milhares delas.

Se eu estiver em um dia de sorte
nem precisarei vê-las por baixo.

Descerá pelos meus olhos
até meus lábios cada detalhe.

As palavras são femininas
e as interjeições seus batons.

Pertencem a uma única classe:
à classe do olhar de quem as olha.

O meu é um olhar ávido
de menino de dez anos.

Não tenho fome
enquanto me encanto.

2 comentários:

  1. E o encanto das palavras no feminino contagia como dança do vento na varanda.

    Um beijo

    ResponderExcluir
  2. Além das andorinhas, até as formiguinhas sumiram?!

    Atualizei a leitura...

    Poeta dos dias
    parece que não dorme!
    vive acordado em poesia...

    Beijinho de fã, Domingos!

    ResponderExcluir