quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

as sombras não têm nomes

A mulher da minha vida partiu
antes que eu tivesse visto
ela na praça comendo
pipoca.

Em todas as esquinas
que dobrei apressado
ela já havia fugido
no trem

e já tinha atravessado
o arco-íris das montanhas.

Um trem que leva
quem nunca conhecemos

jamais haverá de apitar
aos nossos ouvidos
a chegada
do amor.

A mulher da minha vida
para meu agrado

não me viu
sentado na fonte
mascando chiclete.

Da mesma forma
que a perdi no trem

ela esqueceu a fonte
de águas coloridas.

Tive que crescer
para entender
que eram plásticos
colados nas lâmpadas.

então creio que o arco-íris das montanhas
também são plásticos coloridos
da imaginação.

Apesar dessa verdade óbvia e dilacerante
permaneço de vez em quando visitando
estações e me emocionando

com aquele arco-íris refletido
na poça da chuva fina.

A mulher da minha vida
para meu deleite e delírio
não me ouve e não lê
esses versos.

Não haveria motivo.
Nós não nos conhecemos.

Quem sabe ela até odeie
esse tipo de molusco
que faz poemas.

E quem sabe eu até ignore
a mulher do meu destino.

4 comentários:

  1. Coisa mais linda , Poeta...!

    Ler-te é um verdadeiro deleite !

    Um abraço , meu velho !

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  2. Suas palavras sempre me emocionam muito.

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  3. Oh, que deliciosa melancolia o seu poema traz :)

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  4. Bah, que bonito!!!
    Um beijão, poeta!

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