quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

distância

O que tu esperas de um cara
que sequer sabe assobiar?

As andorinhas e os bem-te-vis
que chegam à minha varanda
não vêm pelo meu assobio

são os meus olhos, baby
silenciosos e de outro mundo.

O que tu esperas de um sujeito
que pouco pouquíssimo mesmo

se importa com quem sofre
ou se alegra repentinamente?

A minha vida é tão simplória, baby
e justo pela tolice
do que vejo

coisa alguma me mata
quando quero amar

ou por nada
me apaixono

se quero
morrer.

O que tu esperas de uma criatura
de bermudão agora

pernas estiradas
os pés sobre

os livros
da estante?

Os meus travesseiros
dizem outras coisas
aos meus ouvidos.

Coisas como
levantar-se

e não escrever versos
pelo amor de deus

versos não,
versos nunca.