A minha xícara perdeu o sorriso.
Era linda como antigamente -
as duas fissuras tão finas
em torno da circunferência.
Tremi de susto
ao vê-la hoje
com mil olhos
e dentes.
Minha xícara [é mais que posse -
é um amor entre pele
e porcelana]
deveria ser única
na minha boca
e eterna sob
meu olhar distraído.
Mas alguém a deixou cair -
cozinha, sala, varanda,
sei lá onde.
O que me dói,
exaspera-me a alma
é que alguém antes a beijou
mesmo contra sua vontade.
Ela silenciosa
de um silêncio triste.
E eu morto de desilusão
embora sempre soubesse:
o que mais fere
é o encanto.
Seus versos alimentam minha alma que vaga longínqua...
ResponderExcluirÁlly
Tua voz é ímpar... admiro demais!
ResponderExcluirBeijinho, poeta dos dias!
E a poesia vale pelo que é - e só. Quem mais falaria da sua xícara como você? Adorei o teu espaço.
ResponderExcluirUma invasão imperdoável, até mesmo covarde, já que ela não tinha como evitar, se defender.
ResponderExcluirMuito ruim ver expostos os nossos afetos profundos, não, Domingos?
Um beijo, bem-vindo ao meu blog. Vou acompanhar.