sábado, 12 de novembro de 2011

a candura do pequeno sátiro

Se o teu filho te pede um sagaz aperto de mão em sinal
de uma amizade sem fim e sem nenhum tipo de vacilo
não é que ele esteja com vergonha do pai
ao levá-lo à catequese,

é que lá onde se aprende coisas de deus
de santos, rezas e histórias sagradas
também habitam ao olhar dele
meninas e meninotas.

O teu filho não se sente razoavelmente um homem
ao pé da calçada contigo beijando-lhe a cabeça
e abraçando-o sob gracejos
e despedidas infantis.

Tu não vês mas as meninas e as meninotas
encaram teu guri com um riso de deboche.

Quando, enfim, tu partes
elas chegam a desconfiar
e indagam irônicas
se o teu rapaz
de fato
tem dez.

Tu não imaginas o sufoco
do teu garoto.

Ridículo explicar aqueles teus efusivos beijos na cabeça
e abraços desesperados de quem vai pra guerra
ou retorna de outra mais longa.

Todas as meninas e meninotas coloridas de batons e esmaltes
metralhando teu filho com olhares e risinhos
e o teu pivete lá sem graça
um ódio louco de ti.

Sem mencionar os outros caras que vão sozinhos
dignos cavaleiros altivos e silenciosos
sem pai para beijá-los na cabeça
e sufocá-los em abraços.

Despede-te com bom senso,
faz o que te pede teu rebento:

um aperto de mão esperto
desses de mano
e só.

Deixa que beijos e abraços
ultimamente o teu filho
almeja das meninas
e meninotas.

Um comentário:

  1. o pequeno sátiro há um dia de se rir, ele também de outro pequeno


    abaço

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