sábado, 15 de outubro de 2011

do outro lado do jardim

Deve ter morrido aquela rosa lilás no canteiro perto da garagem.
Nunca mais desci a escada e tratei do seu ferimento.
Tinha ela na orelha esquerda uma mordida
de gafanhoto e outra de borboleta.

As rosas cruelmente são esquecidas
quando os poetas só têm olhos
pras suas botas.

As rosas não entendem que a etérea beleza das suas pétalas
é um insulto à ressaca do solado das botas -

tampas de cerveja
pregadas em chicletes.

5 comentários:

  1. A natureza de cada um, encontra descanso no que não lhe é característico.
    Deliciei-me lendo teu poema... como sempre.
    Beijokas e um domingo encantado.

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  2. mas ainda que plantássemos botas e pisássemos rosas, isso não lhes mudaria a natureza, a essência...

    sempre bom passar por aqui

    beijos, Domingos!

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  3. "As rosas cruelmente são esquecidas
    quando os poetas só têm olhos
    pras suas botas."
    oh, querido amigo, que poema este! das flores, do esquecimento e da brevidade da beleza. e nunca sabemos de que lado do jardim nos encontramos.
    so-ber-bo!
    abraço com admiração e,m eco!

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  4. e afinal as rosas ou as botas

    esquecemo-nos das coisas importantes e observamos aquilo que na realidade não vemos

    abraço
    LauraAlberto

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