Não gosto de enlaçar o búfalo
quando o bicho está distraído
passarinhos sobre seu dorso
comendo parasitas -
gosto quando o búfalo
corre seguindo a manada
cruzando planícies e charcos.
Então é a hora - subo, aperto seu pescoço,
meto-lhe os dedos nas narinas, desabamos.
Corro o risco [e sempre acontece]
de ser pisoteado e partirem-se costelas.
Mas é prazeroso, eu e o búfalo
caídos, sujos, suados, entregues:
ele ao seu instinto natural de búfalo;
eu ao meu frenesi de peão louco.
Não gosto de balear pato
quando ele nada no lago
em círculos,
aquele ar ingênuo
beirando a santidade -
gosto quando o pato voa
atravessando céus
feito uma seta.
Então é a hora, miro seu peito,
aperto o gatilho e só vejo penas
dentro dos meus olhos.
Deleite maior é pegar o seu corpo na água
ressuscitá-lo com um canudinho de bambu.
Os patos nunca morrem quando a bala é rolha de vinho.
Há uma certa cumplicidade no oxigênio que assopro
e no seu suspiro depois do desmaio.
Não gosto de pisar formigas
quando no chão comem migalhas.
Sinto-me feliz quando elas
sobem pelas paredes
chegando ao teto.
Dou um salto de Bruce Lee
e quebro as pernas de três.
Mas todos sabem -
botas de visionário
não machucam formigas.
Ao contrário, quanto mais pisões
multiplicam-se abdome e antenas.
quando o bicho está distraído
passarinhos sobre seu dorso
comendo parasitas -
gosto quando o búfalo
corre seguindo a manada
cruzando planícies e charcos.
Então é a hora - subo, aperto seu pescoço,
meto-lhe os dedos nas narinas, desabamos.
Corro o risco [e sempre acontece]
de ser pisoteado e partirem-se costelas.
Mas é prazeroso, eu e o búfalo
caídos, sujos, suados, entregues:
ele ao seu instinto natural de búfalo;
eu ao meu frenesi de peão louco.
Não gosto de balear pato
quando ele nada no lago
em círculos,
aquele ar ingênuo
beirando a santidade -
gosto quando o pato voa
atravessando céus
feito uma seta.
Então é a hora, miro seu peito,
aperto o gatilho e só vejo penas
dentro dos meus olhos.
Deleite maior é pegar o seu corpo na água
ressuscitá-lo com um canudinho de bambu.
Os patos nunca morrem quando a bala é rolha de vinho.
Há uma certa cumplicidade no oxigênio que assopro
e no seu suspiro depois do desmaio.
Não gosto de pisar formigas
quando no chão comem migalhas.
Sinto-me feliz quando elas
sobem pelas paredes
chegando ao teto.
Dou um salto de Bruce Lee
e quebro as pernas de três.
Mas todos sabem -
botas de visionário
não machucam formigas.
Ao contrário, quanto mais pisões
multiplicam-se abdome e antenas.
Amei esses versos, do homem pleno sem covardia. Um abraço, Yayá.
ResponderExcluirmeu zeus, me espanta tanta inspiração!
ResponderExcluirleio e releio, fico aqui babando...
beijo, bruxão*
Versos com teores de loucura e surrealismo como os de qualquer bom poeta. Siga meu conselho: vá ao médico e peça um medicamento para nunca perder esse belo tom de insanidade poética,
ResponderExcluirÓtimo poema, caro amigo virtual! Parabéns!