segunda-feira, 3 de outubro de 2011

beatitude

Quantas vezes te roguei,
não laves minha xícara
com os teus dedos.

A minha xícara é sensível.
Acostumada somente
aos meus lábios.

Há uma verdade especial entre eles.
Os meus lábios são os responsáveis
pelas fissuras na circunferência dela.

E ela de tanto queimar-lhes a pele
modelou-me o bico a tal ponto
que aprendi assobiar.

Há uma mística relação entre eles.
A minha xícara só sossega
quando meus lábios sorvem
o último cafezinho,

aí, então, ela dorme
sobre a estante.

A minha xícara é sagrada.
Os meus lábios o que há de corpo em mim.

6 comentários:

  1. Domingos,

    Brincas com as palavras seduzindo-as de tal modo que rapidamente elas se transformam em poesia.
    Grande abraço,
    José Carlos

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  2. Rsrs. Poema interessante...
    Seu jeito de escrever é impressionante. Muito particular seu. Consegue fazer um poema ir pro espaço e ganhar 'n' novas interpretações, ao mesmo tempo em que detalha os fatos específicos. Não é por ser vago que cabem novas interpretações. É por ser completo que nos torna livres pra interpretá-lo. Eu não sei explicar direito. Parece contraditório qdo eu tento explicar. Mas isso que eu não consigo dizer pode ser resumido em: encantada com seu texto!

    Parabéns!
    Beijãozão,

    Mima.

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  3. o homem é o mundo e os seus mundos bem para cá das sensações, bem para lá do entendimento.
    admirável a poetização das extensões do eu que em poucos blogues como neste sou capaz de encontrar.
    um abraço, caro amigo-poeta!

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  4. Domingos,

    como você nos surpreende
    a cada poema!

    AMEI!

    Um abraço,
    Doce de Lira

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  5. quando se nos toca a pele em olvido,


    abraço

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  6. Olá
    Vim conheçer seu espaço, pois estive na Beth lendo e ouvindo seu poema. Ele é triste, prenúncio de uma despedida, mas bonito.
    Parabéns, poeta.

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