sexta-feira, 23 de setembro de 2011

seu pedro

Há cinco dias não pesco.
Juro que a minha jangada
se não estivesse com o bico enterrado
correria pro mar e me deixaria sozinho.

Conhecedor dessa sua natureza impetuosa
afundei-lhe o bico na areia e a parte detrás
amarrei aos meus cabelos.

Só se mexe se balanço o pescoço.
E se vou à cozinha preparar um cafezinho
levo-a junto cruzando o quarto e a área de serviço.

Há cinco dias não vejo meus irmãos golfinhos
nem abraço as minhas amigas baleias.

Na verdade só vou pro alto mar
pra me sentir bem acompanhado.

Conversar com as estrelas,
paquerar a lua que hoje,
grávida de quíntuplos,

suspira lembrando-me
que há cinco dias
não me vê.

6 comentários:

  1. Olá Domingos,

    Bonito design. É verde, é esperança.
    Seu Pedro tão saudoso do mar e sua lua grávida... há que voltar.

    Beijos de luz.

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  2. Lindo seu poema! Deve ser mesmo uma delícia sair pro mar, emprenhar a lua e sonhar e amar e bailar sobre as águas...

    Que belo!

    Beijos!!!

    Obrigada pelo carinho no covil da Loba!

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  3. que cheiro tem tuas ilusões?

    beijinho de fã, poeta dos dias!

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  4. Um universo poético onde gosto de entrar e ficar à deriva nas imagens criadas.

    Obrigada.

    Um beijo

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  5. Vigoroso o poema. É bom suspender o castigo e deixar a jangada voltar ao mar. Toda jangada se quer no mar.

    Grande abraço,
    JC

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  6. Adoro lua grávida... faz-me sentir prenhe de sentidos que flutuam em minha placenta... preciso de mãos para o parto! Beijos, poeta que dá água na boca... ;-) flutuam em minha placenta... preciso de mãos para o parto! Beijos, poeta que dá água na boca... ;-)

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