domingo, 25 de setembro de 2011

pausa

É um segredo,
mas te confesso:

a seiva do poeta,
embora ele envelheça,
é o brilho que seus olhos
não perdem diante das coisas.

Tudo em volta,
do lápis à camiseta,
dos tênis ao ventilador,
da calçada lá fora
às estrelas,

tudo faz seus olhos brilharem
apesar da ilusão que ele,
embora envelheça,
também não perde.

A sua oferenda
é rasgar a cada dia
uma veia do pulso

e abrir no dia seguinte
um janelão no peito.

O brilho que seus olhos não perdem,
a ilusão sempre delirante na sua alma,
na verdade, é a sua maior crença
em puro estado de graça.

O poema antes que escape da sua mão
[é um segredo, mas te confesso] anda
anda muito por muitos caminhos
que ele, embora envelheça,
não sabe.

2 comentários:

  1. Amei esse seu poema. Um abraço, Yayá.

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  2. Ah, como anda...

    O poema não só anda - ele faz caminhada, corre, pega o busão e, quando dá, salta de pára-quedas e pára em todo ou em qualquer lugar.

    Poema é um ser normal, de tão sobrenatural que é.

    Beijo,

    Mima.

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