Aprendi muito cedo
a tocar flauta doce.
Bastava assobiar para o vento
e abrir os dedos dos pés.
Era como se fosse
o som de flauta doce
a brincadeira do vento
com o deleite dos dedos.
As lagartixas do parque
juntamente com as cigarras
ficavam bobas e extasiadas.
O vento ouvia meus pensamentos
e tocava Bach e Villa-Lobos.
Era muito jovem minha alma.
Só depois (velhinho)
dei por mim:
não era o vento
nem eram os meus dedos
que faziam aquele som, era
a garrafa de vinho debaixo do sol
com suas luzes e seus reflexos.
E sempre era manhã,
e era dia, brilhava o sol
e meus cabelos
iam com o vento
de lá pra cá.
Descobri outro dia
que os meus cabelos
contra ou a favor do vento
também fazem um som legal.
Sobretudo quando
vão ficando fininhos
e brancos.
Uma verdade, um músico com certa idade sabe tirar o melhor som. Um abraço, Yayá.
ResponderExcluira música é a expressão maior que sabe buscar os instrumentos certos em cada ocasião. na meninice, como na idade adulta, ou na velhice. somos, afinal, feitos de melodias e de cantos perfeitos.
ResponderExcluirabraço, poeta de pã!