segunda-feira, 19 de setembro de 2011

o sono do velho urso

Tiro os chinelos e dois segundos
antes que meu corpo desabe
penso em escrever
um verso.

Sei que não será um verso somente.
Sempre vem um trem atrás de uma montanha.

Se escrevesse um verso não bastaria para o mar
que tem nas suas águas profundas mil corais
e outros mil peixinhos dourados.

Um verso não bastaria.
Um pai nosso não bastaria.

As mãos postas e os dedos cruzados
seria patético para quem olha
a imensidão do teto
e além dele.

As estrelas furam o teto do quarto.
Um verso não bastaria nem o trincar de lábios.

Basta-me um suspiro,
um suspiro alto.

Desses que engolem um mar inteiro
e todos os seus mil corais e mais
outros mil peixinhos dourados.

2 comentários:

  1. Impressiona-me a fertilidade de teus versos. Escreves muito - e muito bem.

    O mar adoraria receber teus versinhos.

    Será que os peixes sentem quando alguém escreve sobre eles?

    Um beijo, querido poeta.

    Mima.

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  2. Domingos...vale comentário que não sabe o que dizer? Essa ideia de que sempre vem um trem atrás da montanha, de que nem um pai nosso adianta...os versos são danados, mesmo. Enfim, tudo tão intenso e lindo, que depois só resta suspirar alto, bem alto...
    Bjo, com mto carinho, da tua amiga
    Dani

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