domingo, 21 de agosto de 2011

o amante pródigo

Darei a ti um poema sem vinho
e sem lucidez excessiva.

Um poema sem buscas,
sem transes e sem pensamentos.

Darei a ti um poema caído sobre o peito
na calada da noite quando faço
brilhar minha espada
diante do meu olho
de vidro.

Um poema que não explique a causa do silêncio.
Um poema que se cale ao som da primeira sílaba.

Darei a ti o que temo e o que creio
sem forçar de ti entendimento
ou cumplicidade.

Ainda não ando sobre as águas.
Mas já levito sobre as nuvens.

É um pulo criar chuva
saltando de nuvem
em nuvem

e encher o mar de sonhos
e encher de peixes
nossos corações.

Enquanto tu suspiras
o meu barco à deriva
contra rochedos
afunda.

5 comentários:

  1. Que maravilha de poema... declaraste o sonho de muitos poetas...

    Beijinho com admiração hiperbólica, poeta dos dias!

    ResponderExcluir
  2. "É um pulo criar chuva
    saltando de nuvem
    em nuvem

    (...)

    Enquanto tu suspiras
    o meu barco à deriva
    contra rochedos
    logo afunda."

    E, como num sonho, eu vi a chuva cair.

    ResponderExcluir
  3. Bravo!

    Como são doces os bárbaros...

    ResponderExcluir
  4. Ainda não ando sobre as águas.
    Mas já levito sobre as nuvens.

    É um pulo criar chuva
    saltando de nuvem
    em nuvem

    e encher o mar de sonhos
    e encher de peixes
    nossos corações.

    Enquanto tu suspiras
    o meu barco à deriva
    contra rochedos
    logo afunda.



    que poética!

    ResponderExcluir