quarta-feira, 8 de junho de 2011

o dorso do solitário

Não é bom deixar as costas sem o carinho das mãos da amada.
Os cravos tomam de conta feito erva daninha ou arame farpado.

Nascem sombrios sinais que não são de nascença.
De solidão, decerto. E não adianta torceres o braço.

Mesmo que espremas um e outro
dentro do coração há mais e bem feios.

Caso estejas sozinho por vontade própria (duvido)
não te envergonhes de ir à praça
camisa no ombro.

Assobia, moço triste
mostra tuas costas
aos pombos.

Sempre tem um míope que confunde
cravo nas costas com azeitona preta.

Não te esqueças ao chegar em casa
lavar com sal grosso e sabonete
as marcas das bicadas.

Nunca se sabe em qual terreno
o bombo meteu o bico.

Há pombos que adoram
a sujeira dos poodles.

2 comentários:

  1. Sempre aprendo alguma coisa ao ler teus dias, Domingos!

    Oferecer os sinais das costas aos pombos é um tanto querer sentir na pele a punição de Prometeu, não?

    Beijinho iluminado, poeta dos dias!

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  2. Analuz, que imagem surpreendente
    você captou "Oferecer os sinais das costas aos pombos é um tanto querer sentir na pele a punição de Prometeu(...)"


    muito bacana,
    sensível poetisa.


    Beijo carinhoso.

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