Faz um tempinho que não ando contigo.
Lembro-me das calçadas molhadas,
das nuvens alaranjadas,
dos chicletes, das tampas
de refrigerantes,
das folhas
secas.
O tempo quando tem pressa
quando foge do controle
torna-te cada dia jovial
e um ar de mistério exala-se
dos teus botões de aço.
Estranho ter ver sempre próxima
da tua irmã (ou seria tua namorada?)
e ao falar apenas contigo
e ao olhar apenas para teus olhos
é inevitável supor que no fundo
é uma só coisa a tua alma
e a alma dela.
Mas é engraçado, por exemplo, agora
conversar tão chegado aos teus ouvidos
sabendo que ela (tua irmã ou tua namorada)
também está me ouvindo em alto e bom som.
Então dize a ela
que o meu amor se estende
e se multiplica por dois.
Eu não amo o meu pé direito
mais do que o esquerdo.
E tanto um quanto o outro
precisam de vocês assim
coladas e inseparáveis.
Amanhã (loucura falar sobre um sonho iminente)
mas, enfim, amanhã nós subiremos a montanha.
Aquela montanha cuja imagem
passamos horas admirando
o cartão postal.
Dize para tua irmã e namorada
(se ela já não estiver dando pulinhos)
que subiremos a montanha encantada.
E lá em cima, bem no topo,
eu tirarei vocês dos pés
(minhas meninas)
e nunca nunca mais
voltaremos ao quarto,
a este quarto empoeirado cheio de livros imprestáveis
com marcas de bunda de xícara sobre suas capas.
Eu cavarei um lindo buraco
eu farei uma prece
e enterrarei emocionado
vocês duas.
Ninguém ouvirá falar desse lenhador
nem das suas meninas botas.
surpreendente é pouco, me pegou mais uma vez, seu poeta danado. sinceramente, não há adjetivos que possam exprimir a minha admiração por tudo que escreves.
ResponderExcluirbeijão, meu bruxo.
cheia de beleza, encanto, o amor é sempre maravilhoso, uma veia que pulsa forte.
ResponderExcluiradorei amigo!
beijo
amores não se medem, sentem-se. muito bacana seu texto: pés no chão e poesia na cabeça!
ResponderExcluirAbraço!
Crisântemo, a magia se completa quando uma alma alada e dourada
ResponderExcluirbebe da mesma fonte
...
beijo carinhoso.
Nina, o amor é mesmo uma artéria
ResponderExcluirque pulsa desenfreadamente
(mesmo que seja
por um par de botas)
...
(é sempre muito bom
te ouvir)
beijo carinhoso.
Celso, a medida do amor
ResponderExcluiré deixá-lo caber
em todo espaço
e em todas
as coisas
...
forte abraço,
camarada.
Salve, lenhador da poesia! A lenha e a dor nos pés calçados para conhecer poeticamente o mundo.
ResponderExcluirAbração.
José Carlos Brandão,
ResponderExcluirgrande poeta e amigo
um brinde a vós,
uma branda alma além
dos simples mortais
...
forte abraço.