terça-feira, 24 de maio de 2011

a saudade é degustativa

Você sabe como preparar uma galinha à cabidela.
Antes do divórcio deveria ter roubado a receita.

O segredo não está no tempero depois da galinha morta, isso eu sei.
O segredo talvez esteja no jeito que você cuida das suas galinhas.

Todas elas usam lacinho no pescoço
e guizos nos tornozelos.

De noite dançam música flamenca
e só dormem após duas taças de licor.

Quando morrem
elas morrem felizes.

Deveria ter roubado essas galinhas
enquanto você fazia minhas malas.

6 comentários:

  1. o segredo das coisas maiores esconde-se sempre por detrás das improváveis insignificâncias, verdade?
    qualquer casamento devia ter no clausulado assegurada a receita da cabidela com vinho tinto do douro :)
    um abraço, poeta-amigo!

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  2. Grande poeta e amigo
    Jorge Pimenta,

    concordo contigo tanto na plenitude das coisas simples quanto no banquete
    da galinha cabidela com vinho tinto
    (rs)

    forte abraço,
    camarada.

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  3. Poema consumado no palato que é uma espécie de céu sempre vazio de nuvens, mas repleto de memórias.

    Diria surreal, mas é tão concreto!

    Bom demais.

    Um abraço, Domingos.

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  4. Marcantonio,
    é justamente essa concretude carregada de memórias
    o véu descortinado
    ...

    forte abraço,
    grande poeta
    e amigo.

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  5. a saudade é também olfativa, o zelo do algoz para com a vítima fica impregnado,

    abraço

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  6. irmão Assis,
    a saudade
    é toda
    sentidos
    ...


    forte abraço.

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