quarta-feira, 6 de abril de 2011

resquícios

Desde que tremeu o chão do quarto e as cerâmicas racharam
as formigas para chegarem até o banheiro dão uma volta
em torno da cama e deixam pelo cansaço migalhas
de bolacha e pão.

Outras fazem trampolim das correias do meu chinelão antigo.
O risco é quando não calculam bem o espaço e a velocidade
e acabam caindo no vaso sanitário.

Chovem despojos,
migalhas, sobras.

E eu não varro
um milímetro.

O que ainda faço é abaixar-me
e investigar qual a dieta delas.

Embora eu seja um poeta apático
não sou negligente com a saúde
das minhas formigas.

Por sinal, vejo agora uma fora do peso.
As antenas oleosas e as bochechas salientes.

Essa aí vem trazendo no dorso
uma fatia gigantesca de bolo fofo.

Sinto muito, menina.
Mas é o fim do caminho.

Engraçado a cara que elas fazem.
Parecem crianças quando lhes tiram chocolates da boca.

4 comentários:

  1. Precisa muita sensibilidade para observar formigas e fazer delas poesia.

    Lindo dia poeta!
    Beijo

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  2. Oi,

    É, realmente, tomar conta dos outros, mesmo de formiguinhas, não parece um tarefa fácil.

    Li recentemente que cientistas já descobriram na cadeia genética o fator responsável pela obesidade. Não demora, suas meninas vão poder comer todo o doce do mundo! Afinal, (já afirmou Darwin) estamos em constante "evolução".

    A propósito: lá em casa, levei um susto ao descobrir uma formiga nadando... Só não fiquei mais surpresa, porque de posse de minha lupa, investiguei e testemunhei o primeiro caso de uma formiga-escafandrista.

    É, ninguém sabe onde tanta modernidade vai parar, sabe?

    Bjs e ótima quarta!
    Carol

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  3. Angélica, é que as meninas fazem de tudo para me chamar atenção:
    chegam a dançar jazz
    sobre minhas botas
    ...

    Um lindo dia pra ti, poetisa!

    Beijo carinhoso.

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  4. Carol, essas formiguinhas escafandristas são mesmo argutas, hein? [hehehe]

    Um beijo carinhoso,
    e uma quarta-feira encantada pra ti.

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