sábado, 2 de abril de 2011

friagem

Quando chove assim feito essa tarde
as paredes ficam mais carentes.
Não me deixam sair do quarto.

Oferecem-me todo o tesouro:
teias de aranha,
patinhas de insetos.

Preciso explicar a elas que hoje é sábado
e que lá fora há estrelas e damas.

Mas o meu coração [um complexado]
prefere dormir aos  pés das paredes
a conhecer gente nova e louca.

O meu coração é quem manda.
Meto de volta na gavetinha o papel de carta.
Guardo na geladeira a última garrafa de vinho.

Deito-me aos pés das paredes
e penso no meu chinelão antigo:

feliz dele que tem por perto
o calor dos meus dedos.

6 comentários:

  1. Tenho um lápis mágico
    e posso desenhar uma porta mágica na parede...
    mas não desenho uma porta na parede...
    sequer manuseio o lápis...
    a mim, já basta a ideia de ter um lápis mágico...

    Maravilhoso teu compartilhar de sensações, Domingos!

    Beijinho com esperança de sol...

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  2. AnaLuz, essa nossa magia nos salva
    mas sabemos "dá às paredes o que é das paredes" muitas vezes nós próprios vamos juntos
    ...

    Beijo carinhoso,
    sensível poetisa
    ...

    Carpe Diem!

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  3. Obrigada por compartilhar as suas sensacoes descritas em versos.
    Um grande abraco e uma feliz semana!

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  4. acredite, Marcia,
    não há outra forma de partilha
    senão esta
    ...

    Abraço carinhoso,
    e uma semana de paz.

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  5. coração é bicho traiçoeiro...

    sou tua leitora fiel, sabe disso.

    beijo, meu bruxo!

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  6. Cris, minha doce poetisa,
    o coração é traiçoeiro mas
    caso deixe de sê-lo
    perde o encanto
    ...

    Beijo carinhoso.

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