Não é surpresa a minha alienação.
Sou um alienado.
Preciso além das imagens
do pavor coletivo um troço
dos céus ácido e invisível
queime a minha garganta.
O meu egoísmo parte justamente
desse apelo pelo toque: para que
eu me desperte preciso do toque.
Como fez agora o cinto da minha farda
rosnando contra a cadeira de plástico.
Eu não sou canalha.
Eu sou um alienado filho da mãe.
Por isso (sem dilema)
talvez eu seja o sujeito
mais indicado na hora
de salvar almas.
A minha está quietinha
morrendo de medo
que eu apague a luz
do quarto.
Ela sabe que ao fazer isso
não protejo os entes queridos.
Ninguém me comove tanto
quanto a multidão silenciosa
que me rasga as vísceras.
Sou um alienado e um egoísta.
Mas tenho um estômago fraco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário